Lesão Folicular IV: Como Tratar Nódulos Indeterminados da Tireoide
A Lesão Folicular IV no Sistema Bethesda de Citopatologia da Tireoide representa um dos grandes desafios na avaliação de nódulos tireoidianos. Com risco intermediário de malignidade e características morfológicas não conclusivas, essa categoria exige uma abordagem cuidadosa, criteriosa e muitas vezes multidisciplinar.
O que significa Lesão Folicular IV?
A Categoria IV da Classificação Bethesda para análise citopatológica de nódulos da tireoide, conhecida como "lesão folicular de significado indeterminado" ou "suspeita para neoplasia folicular", representa um dos maiores desafios no diagnóstico citológico dos nódulos tireoidianos. Nessa classificação, os achados da punção aspirativa por agulha fina (PAAF) revelam células organizadas em padrão folicular, ou seja, pequenos aglomerados de células epiteliais foliculares dispostas em microfolículos, com escassa presença de colóide - uma substância gelatinosa característica do funcionamento normal da glândula tireoide.
Diferentemente das lesões malignas mais comuns, como o carcinoma papilífero, a Categoria IV não exibe características citológicas clássicas de malignidade (como núcleos clivados, sobreposição nuclear e pseudo-inclusões intracitoplasmáticas). No entanto, a organização celular e o contexto citológico levantam suspeita, exigindo uma investigação mais aprofundada.
Lesão Folicular IV é câncer?
Nem sempre. Estima-se que entre 10% e 40% das lesões classificadas como Categoria IV sejam de fato malignas, uma ampla faixa que reflete a variabilidade entre os centros diagnósticos, a subjetividade da análise citológica e a presença de subtipos histológicos de difícil distinção pré-operatória, como o adenoma folicular e o carcinoma folicular.
Esse risco aumenta quando o nódulo exibe características ultrassonográficas suspeitas, como margens irregulares, microcalcificações, hipoecogenicidade acentuada e formato mais alto do que largo. Além disso, avanços nos testes moleculares têm contribuído significativamente para estratificar esse risco: mutações em genes como RAS, BRAF e rearranjos PAX8-PPARγ elevam a suspeita de malignidade e podem orientar a conduta cirúrgica.
Exames Complementares Importantes
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Ultrassonografia com classificação TI-RADS (Thyroid Imaging Reporting and Data System): Ajuda na estratificação do risco de malignidade dos nódulos tireoidianos. Lesões com pontuação TI-RADS 4 ou 5 merecem atenção especial. Para saber mais sobre a classificação TI-RADS, clique aqui.
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Testes moleculares: Caros e nem sempre acessíveis, os testes genéticos podem identificar alterações somáticas relacionadas ao câncer de tireoide. Um resultado positivo para determinadas mutações altera significativamente a probabilidade de malignidade.
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Repetição da PAAF: Indicada em casos de persistente suspeita clínica ou discordância entre os achados citológicos e de imagem. Quando realizada com critérios rigorosos, pode aumentar a precisão diagnóstica.
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Cirurgia (Lobectomia tireoidiana): Em casos selecionados, pode ser indicada não apenas como tratamento, mas também como meio diagnóstico definitivo, especialmente quando há achados genéticos positivos ou forte suspeita clínica.
Nódulo Tireoidiano Categoria IV precisa operar?
A decisão de operar um nódulo tireoidiano classificado como Categoria IV do sistema Bethesda exige uma análise cuidadosa de múltiplos fatores clínicos, citológicos, moleculares e de imagem. Embora muitos desses nódulos sejam benignos, a incerteza diagnóstica e a possibilidade de se tratar de uma neoplasia folicular justificam, em muitos casos, a indicação cirúrgica.
Indicações para cirurgia:
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Achados ultrassonográficos de alto risco: Nódulos com margens irregulares, microcalcificações, vascularização interna aumentada ou que apresentam crescimento mais alto do que largo.
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Crescimento progressivo do nódulo: Aumento significativo de volume em exames de imagem seriados reforça a indicação de intervenção cirúrgica.
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Alterações em testes moleculares: Mutações genéticas como RAS, BRAF, ou rearranjos como o PAX8-PPARγ sugerem maior risco de malignidade e frequentemente justificam conduta cirúrgica.
Quando a observação clínica pode ser considerada
Pacientes classificados como de baixo risco (exame de imagem benigno, estabilidade do nódulo ao longo do tempo e ausência de mutações moleculares) podem ser acompanhados clinicamente, com exames regulares e avaliação especializada. Essa conduta conservadora deve ser adotada com vigilância rigorosa, para que qualquer alteração suspeita seja detectada precocemente.
Lobectomia
A lobectomia tireoidiana, ou seja, a remoção de um dos lobos da glândula tireoide, é o procedimento padrão para lesões Categoria IV. Essa abordagem é segura, realizada por via cervical anterior (uma incisão na base do pescoço) e tem como objetivo esclarecer o diagnóstico por meio da análise histopatológica completa do tecido removido.
Caso o exame anatomopatológico revele um carcinoma folicular ou outro subtipo de câncer da tireoide, poderá ser indicada uma nova cirurgia para retirada do lobo remanescente (tireoidectomia total), dependendo do tipo de tumor, tamanho, presença de invasão vascular ou capsular, entre outros fatores.
Saiba mais sobre a cirurgia da tireoide clicando aqui.
Acompanhamento Pós-Operatório
O seguimento clínico após a cirurgia é fundamental, tanto para avaliar a função tireoidiana quanto para monitorar sinais de recidiva ou evolução da doença. As etapas incluem:
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Dosagem hormonal (TSH e T4 livre): Para verificar a necessidade de reposição com levotiroxina (hormônio tireoidiano sintético), especialmente se houver hipotireoidismo após a lobectomia.
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Ultrassonografia cervical periódica: Para vigilância do lobo remanescente e linfonodos cervicais.
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Dosagem de tireoglobulina: Indicada principalmente em casos de tireoidectomia total, funciona como marcador tumoral em pacientes com câncer diferenciado da tireoide.
Especialista em Tireoide
A Lesão Folicular IV é uma condição que requer atenção especializada. A decisão entre operar ou acompanhar deve ser baseada em fatores clínicos, citopatológicos, moleculares e na experiência da equipe médica. O acompanhamento com endocrinologista e cirurgião de cabeça e pescoço é fundamental para um desfecho seguro e adequado.
Se você foi diagnosticado com Lesão Folicular IV, agende sua consulta com a Dra. Christiana Vanni, especialista em tireoide. Atendimento presencial na cidade de São Paulo e também por telemedicina para pacientes de todo o Brasil e exterior. O conhecimento é a base para uma escolha segura e tranquila.
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Texto escrito por:
Dra. Christiana VanniMédica Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço
CRM/SP 120.060 - RQE 31.305
A Dra. Christiana Vanni é Médica Cabeça e Pescoço especialista em cirurgia e tratamentos oncológicos pela FMABC, pós graduada em Cirurgia Robótica de Cabeça e Pescoço pelo Hospital Israelita Albert Einstein, possui título de Doutorado pela FMUSP.
Cirurgia Robótica, Reconstrução e Tratamentos Oncológicos
Excelência em diagnósticos e tratamentos precisos, com técnicas cirúrgicas modernas e tecnologia de ponta.
Atendimento particular nos consultórios da Vila Mariana e Itaim Bibi e também na modalidade on-line, para pacientes em todo o Brasil e exterior. Credenciada nos melhores hospitais de São Paulo/SP, com ampla atuação na cidade.
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